Erikson
apresenta uma teoria de desenvolvimento psicossocial com os seguintes
pressupostos:
A
energia que orienta o desenvolvimento é essencialmente de natureza
psicossocial, ou seja, valoriza a interação entre a personalidade e o meio
social;
O desenvolvimento é um processo contínuo
que se inicia com o nascimento e se prolonga até ao final da vida;
Em cada estádio manifesta-se uma crise
que consiste num conflito que deve ser resolvido, sendo que existe uma
solução positiva e negativa;
As crises são resolvidas de forma
positiva-> equilíbrio e saúde mental e aquisição de uma virtude;
As
crises são resolvidas de forma negativa -> desajustamento e
sentimento de fracasso;
Conceito de virtude:
ganho psicológico emocional e social que se pode traduzir por um valor,
característica de personalidade, competência, qualidade pessoal ou por um
sentimento.
Os
estádios de desenvolvimento
Erikson defende que
o desenvolvimento psicossocial evolui em oito estádios, sendo que cada
estádio tem em conta aspetos biológicos, individuais e sociais.
Como podem ver no
quadro seguinte os primeiros quatro estádios decorrem no período de bebé e da
infância, e os últimos três durante a idade adulta e a velhice. A formação da
identidade inicia-se nos primeiros quatro estádios, e o sentido desta negociado
na adolescência evolui e influencia os últimos três estádios.
Erikson
dá importância ao período da adolescência, devido ao facto de ser a
transição entre a infância e a idade adulta, em que se verificam acontecimentos
relevantes para a personalidade adulta.
Cada estádio
contribui para a formação da personalidade, sendo por isso todos importantes
mesmo depois de passar por eles. Como cada criança tem um ritmo cronológico
específico, não se deve atribuir uma duração exata a cada estádio.
O quadro seguinte
resume os oito estádios de desenvolvimento psicossocial, a idade aproximada
pela qual o individuo passa por cada estádio, bem como a crise que se vive e as
duas vertentes possíveis na resolução dessa crise. Salienta também as várias
virtudes que se podem adquirir em cada estádio.
Como profissionais do desporto e, tendo em
conta, que o nosso dia á dia passa por lidar com crianças e jovens temos de
saber lidar com essas crianças e jovens tendo em atenção sempre o estádio de
desenvolvimento onde estas se encontram e agir em conformidade com isso. Expomos
seguidamente alguns exemplos disso:
ü
No
primeiro estádio – confiança/desconfiança a
criança adquire ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em
relação ao mundo que a rodeia, através da relação que tem com a mãe. Por isso
quando lidarmos com recém-nascidos temos de ter a noção que a criança pode desenvolver
medos, receios, sentimentos de desconfiança que poderão vir a refletir-se nas
relações futuras;
ü
No segundo estádio – autonomia/ vergonha
e dúvida a criança sente ainda necessidade de proteção, mas
simultaneamente, gosta de experimentar. Por isso, sente-se bem ao exercitar e
desenvolver as suas capacidades motoras: correr, puxar, empurrar, segurar,
largar. Por isso devemos estimular a criança a fazer as
coisas de forma autónoma, não sendo alvo de extrema rigidez para que a criança não
fique com sentimentos de vergonha;
ü No terceiro estádio – iniciativa/culpa
a
criança experimenta diferentes papéis nas brincadeiras em grupo, imita os
adultos e tem uma preocupação com a aceitabilidade dos seus comportamentos,
desenvolve capacidades motoras, de linguagem, pensamento, imaginação e
curiosidade. Devemos por isso valorizar a sua iniciativa e nunca o contrário se
não a criança vai sentir-se culpada e insegura;
ü
No
quarto estádio – indústria/inferioridade a
criança faz grandes aprendizagens, a nível académico e social desenvolvendo
esquemas cognitivos para se tornar excelente nas tarefas desempenhadas. Quando
a criança sente-se menos capaz do que os seus pares, sente-se inferior. Por
outro lado se for bem-sucedida e acreditar nas suas capacidades e no seu valor
pessoal, empenha-se comprazer no trabalho. Portanto, é importante que nós
estejamos atentos ao sucesso da criança nas aulas e valorizá-lo agindo de forma
a que a criança se sinta integrada na escola.
ü No quinto estádio – identidade/confusão
de identidade o adolescente
precisa ter mais afetividade e não a encontra em casa, pelo que vai procura-la
na escola, através dos grupos de amigos, ou mesmo nos professores. Neste
sentido é importante a nossa presença pois é aqui que o adolescente adquire uma
identidade psicossocial, identidade essa formada a partir dos outros que o
rodeiam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário